Apesar de cada mulher ter o seu calendário de visitas ao ginecologista, há sempre casos em que a visita deve ser antecipada. Em regra, são situações do quotidiano que não se revestem de gravidade. Mas, como mais vale prevenir do que remediar, o melhor é marcar uma consulta atempada­mente.

Saiba quais são as causas mais comuns para as visitas ao ginecologista. Na maioria dos casos, um tratamento adequado depois de um estudo individualizado é o suficiente para resolver o problema.

 

10-motivos-para-ir-ginecologista

 

1. «Fico muito alterada antes da menstruação»

A síndrome pré-menstrual é um transtorno que afecta mais de 75% das mulheres portuguesas. É provocada pela presença de desajustes hormonais e a gravidade dos casos é determinada em função da quantidade de sintomas e da sua intensidade. Na maioria das vezes, os sintomas são moderados. São poucas as vezes em que os sintomas impedem a mulher de realizar uma actividade normal e que implicam baixa laboral.

Como é que o médico a pode ajudar?

Em primeiro lugar, avalia-se a história clíni­ca e os antecedentes da mulher para determinar a gravidade da síndrome pré-menstrual. «Existem vários tratamentos farmacológicos disponíveis (anti-inflamatórios, hormonas, vitaminas, etc…) ou de cariz psicológico, como exercícios de relaxamento, yoga, automassa­gem, etc.», adverte José Martinez de Oliveira, presidente da Socieda­de Portuguesa de Ginecologia.

2. «Não consigo engravidar»

Existem muitos factores que determinam a fertilidade da mulher. Alguns escapam ao nosso controlo, mas há outros contra os quais se pode agir.

 

    • Olhe para a balança
      O peso afecta de forma surpreendente os ciclos menstruais e a fertilidade. As mulheres obesas (por doença metabólica ou bulimia) e as que sofrem de anorexia podem sofrer alterações na sua função menstrual em detrimento da sua fertilidade.

 

    • Evite as carências nutricionais
      A má alimentação provoca deficiências nutricionais que culminam em desajustes no ciclo menstrual. Um défice de iodo afecta a glândula tiroideia e a fer­tilidade depende, em grande parte, do seu correcto funcionamento.

 

    • Diga não ao excesso de exercício
      Pode provocar sérios problemas associados à fertilidade, sobretudo em desportistas profissionais. Os seus efeitos negativos traduzem-se em alterações da função ovárica condicionada por um mau fun­cionamento do hipotálamo.

 

    • Evite o stress
      A ansiedade, o stress ou alguns processos depressivos podem alterar os ciclos menstruais.

 

    • Tenha atenção ao seu relógio biológico
      Os índices de fertilidade da mulher baixam a partir dos 35 anos de idade, mas sobretudo após os 40.

 

Como é que o médico a pode ajudar?

Se já passou um ano
desde que começou a tentar engravidar e não o conseguiu, convém fazer um
estudo básico de fertilidade. Para isso, o melhor é ir a um médico com
experiência em reprodução assistida.

Depois de uma primeira
avaliação – vá com o seu companheiro, já que a história de fertilidade é
discutida em con­junto –, o médico vai mandá-los fazer
exames para ver qual a causa da infertilidade. Em função deste diagnóstico, vai reco­mendar um tratamento:
estimula­ção ovárica, inseminação artificial ou fecundação in vitro.

3. «Quero ter um filho»

Se decidiu ter um filho, o
melhor é perguntar ao seu ginecologista se deve tomar alguma medida
especial. Os procedimentos ginecológicos irão no sentido de potenciar a
saúde da mãe para garantir uma gravidez saudável e sem complicações, e
para prevenir qualquer défice que possa pôr a saúde do bebé em risco.

Como 

é que o médico a pode ajudar?

Vai recomendar-lhe um check-up
ginecológico completo e uma série de análises. Deverá tomar ácido fólico
para prevenir de­feitos no tubo neural do bebé e evitar situações de
stress. Pode planear as suas relações sexuais em função da sua
fertilidade. O importante é não ficar demasiado ansiosa.

4. «Tenho um alto no peito»

Mais de 80% dos «pequenos altos» não são cancerígenos.
Costumam ser quistos, glândulas mamárias dilatadas ou tumores benignos,
mas a melhor pessoa para o confirmar é o ginecologista. A partir dos
18-20 anos, deve fazer uma auto-exploração uma vez por mês (na semana
que se segue à menstruação).

Como é que o médico a pode ajudar?

Vá sem falta ao ginecologista, que vai fazer uma avaliação da sua
história clínica e dos seus antecedentes. Vai recomendar-lhe um
check-up ginecológico completo, uma mamografia e, eventualmente, uma
ecografia ou mesmo um estudo citológico através de uma punção do nódulo.

Se o resultado for benigno, remove-se ou não, dependendo da natureza,
da idade da mulher e do tamanho do nódulo. Se não for removi­do, deve
fazer-se um novo controlo ecográfico passado uns tempos. Se for maligno,
deve fazer-se um estudo exaustivo, e remove-se o nódulo com o
procedimento mais adequado (mastectomia, tumorectomia ou linfadenectomia
axilar).

5. «Acho que entrei na menopausa»

A
cessação da função ovárica, aquilo que se conhece por menopausa, tem
lugar por volta dos 50 anos mas também pode ocorrer a partir dos 40. Com
o passar do tempo, os ovários vão respondendo cada vez menos à
estimulação das hormonas e segregam de forma progressiva cada vez menos
quantidade de estrogénios e pro­gesterona.

Consequentemente, a
libertação de óvulos (ovulação) acaba por parar. A osteoporose, ou
descalcificação dos ossos, é o problema de saúde que maior incidência
tem entre as mulheres menopáusicas. Detectá-la a tem­po é fundamental
para prevenir a perda de massa óssea.

Como é que o médico a pode
ajudar?

Vai fazer-lhe um check-up ginecológico completo, uma
densitometria óssea (exame que avalia a rigidez dos ossos),
identificação dos sintomas (falta de menstruação, afrontamentos, etc.) e
exame hormonal. Todo este estudo vai indicar qual o tratamento mais
adequado, tanto a nível sintomático como hormonal (adesivos,
compri­midos, etc.). Uma vez identifi­cada a entrada na menopausa,
recomenda-se o tratamento mais conveniente para cada caso.

6. «Não me aparece a menstruação»

Chama-se amenorreia e é a ausência de menstruação numa
mulher que deveria ter os seus ciclos normais. Ir ao ginecologista é a
primeira coisa a fazer, para averiguar a cau­sa e remediá-la o quanto
antes.

Como é que o médico a pode ajudar?

É necessário ava­liar a
história clínica e fazer um exame ginecológico completo. O médico
também lhe fará perguntas para identificar a causa: «Tem relações
sexuais?», «Que idade tem?», «Costuma ser regular?», «Sofreu alguma
emoção forte ultimamente?»… Podem existir muitas causas diferentes por
trás de uma amenorreia. Se houver suspeita de gravidez, faz-se um teste
na mesma consulta. Se o resulta­do for negativo, o problema pode ser
hormonal. O tratamento depende da causa.

7. «Já tenho relações sexuais»

Muitas jovens aproveitam o início da actividade sexual
para ir ao ginecologista pela primeira vez. É importante fazê-lo neste
mo­mento ou a partir dos 18 anos e, claro, sempre que haja sintomas de
doença ou anomalias.

Como é que o médico a pode ajudar?

Nesta
primeira consulta, abre a sua ficha clínica, avalia os seus antecedentes
e vai informá-la dos métodos anticonceptivos existentes (na­turais,
hormonais, de barreira…). Pode fazer-lhe uma citologia e exploração
vaginal para ver se não há nenhuma alteração, quer seja por infecção ou
por debili­tamento da flora vaginal.

E, se achar necessário, pedir-lhe
uma análise hormonal com a qual pode determinar qual o método
anticonceptivo mais indicado para si. Também lhe vai explicar que,
através das relações sexuais, pode contrair doenças como a sida ou a
hepatite C e o vírus do papiloma humano (VPH), causa­dor do cancro do
colo do útero, alertando-a para a necessidade de usar protecção
adequada. E, como é óbvio, responderá a to­das as suas perguntas e
dúvidas.

8. «A minha menstruação é muito irregular»

O emagreci­mento, as emoções, o stress, algumas doenças ou tratamentos podem fazer com que a menstruação seja irregular durante algum tempo. Por outro lado, as hemorragias intermitentes entre dois ciclos po­dem indicar a presença de alguma doença mais grave.

Como é que o médico a pode ajudar?

Para identificar a causa da falta de regularidade na he­morragia menstrual, os especialistas recomendam fazer uma avaliação da história clínica e dos anteceden­tes da mulher (pode estar a seguir um tratamento hormonal, como tomar a pílula, que está a fazer-lhe mal).

Um check-up ginecológico adequado e análises indicarão como estão os valores hormonais da pa­ciente, depois de se ter provado que não está grávida, claro. Pode fazer-se um estudo do endométrio que, se tiver resultados normais, permitirá ao médico prescrever um tratamen­to hormonal adequado. Se o resultado do exame indicar uma doença, é necessário estudar qual será o tratamento ideal.

9. «Tenho dores quando faço amor»

É um problema mais
habitual do que possa pensar, mas que nem sempre motiva a consulta de um
especialista, por vergonha ou desconhecimento. As causas podem ser
físicas ou psicológicas, ou as duas ao mesmo tempo. Podem ser produzidas
por vaginismo (contracção involuntária dos músculos que impede a
penetração), secura, infecções, quistos…

Como é que o médico a pode ajudar?

É necessário fazer uma exploração ginecológica completa e detectar se tem
vaginite, endometriose (alteração comum em mulheres jovens que pode
provocar dor, inflamação, infertilidade e problemas na menstruação) ou
dores causadas por problemas músculo-esqueléticos (vulvodínia). Também é
preciso averiguar se durante o acto sexual há alguma posição que cause
ou alivie dor e quanto tempo dura. Para além disso, a correcta educação
sexual também é muito importante.

10. «Tenho comichão na vagina»

Este sintoma pode ser
provocado pela presença de cândidas, micror­ganismos (fungos) que
habitam no aparelho digestivo do corpo humano e na vagina da mu­lher, ou
tricomonas (parasitas). Normalmente, o crescimento dos fungos está
controlado, mas existem factores que podem fazer com que aumente,
provocando uma infecção. Ostress é um deles.

Como é que o médico a pode aju­dar?

Primeiro,
faz uma avaliação da história clínica e depois investiga os
antecedentes: se é diabética, alérgica, etc… Depois, faz um check-up
ginecológico com exames laborato­riais (colheita de células vaginais
para exame biológico) para descobrir o germe. Os mais frequentes
são os fungos, sobretudo nos dias anteriores à menstruação, altura em
que o pH da vagina se altera.

Também pode estar a ser afectada pela toma
de algum antibiótico, que pode ter destruído a flora vaginal,
favorecendo o florescimento da candidíase. Os resultados do
exame demoram cerca de 10 dias a ficar pron­tos e, entretanto, pode ser
prescrita a utilização de óvulos vaginais. O tratamento é definido em
função da origem da infecção.

Texto: Madalena Alçada Baptista com José Martinez de Oliveira (presidente da Socieda­de Portuguesa de Ginecologia)